quinta-feira, 13 de agosto de 2009

A saída pela ecologia.


A volta dos que já foram protagonizada por Schumacher ofuscou uma notícia muito mais importante para a Fórmula 1 que a volta do heptacampeão, a saída da equipe BMW-Sauber. Peter Sauber criou sua equipe em 1994 e a melhor colocação que conseguiu foi um 4º lugar no campeonato de constutores com 21 pontos. Em 2006 vendeu 80% de sua equipe para a BMW que nos anos seguintes obteve performances excelentes, sendo inclusive vice-campeã de construtores em 2007 e em 2008 conquistando 1 vitória e 1 pole-position, chegando a liderar brevemente o campeonato de pilotos e de equipes.

Em 2009 tem tido um ano sofrível, marcando apenas 8 pontos e ocupando a 8ª colocação no campeonato de construtores. No começo de agosto a equipe anunciou sua saída da categoria alegando que o investimento feito na Fórmula 1 seria destinado ao desenvolvimento de novas tecnologias visando diminuir o impacto que os carros provocam no ecossistema terrestre. Uma desculpa mais esfarrapada impossível. Pior mesmo só o carro "ecológico" da extinta equipe Honda.

Duvido que a BMW tenha alguma mudança no desenvolvimento de seus veículos nos próximos anos, calarão minha boca se isso ocorrer. Se tivessem interesse em algo do tipo, porque não propor aos integrantes da Associação de Montadoras da Fórmula 1, alternativas para tornar os carros ecologicamente mais viáveis? A Fórmula 1 sempre teve como meta, desenvolver novas tecnologias que mais tarde seriam aplicadas e adaptadas para os veículos de rua. Porque não fazer isso agora, focando o desenvolvimento na ecologia? Simplesmente porque nenhuma equipe tem essa preocupação no momento, inclusive a BMW. Os anúncios de carros elétricos e a bateria ainda são muito tímidos nos salões de automóvel mundo afora.

Mas a saída da BMW corrobora a tese de Max Mosley, segundo a qual a Fórmula 1 não pode apenas viver com equipes bancadas por montadoras, mas também por equipes compostas pelos chamados garagistas, que atualmente resumen-se a Frank Williams, dono da equipe Williams/Toyota e Vijay Mallya, dono da Force India/Mercedes. Este último é mais ou menos um garajista, na verdade ele se encaixaria na mesma categoria do dono da Red Bull e Toro Rosso o bilionário austríaco Dietrich Mateschitz, mas sem tanto dinheiro assim.

Agora imagine se Renault, Mercedes e Toyota também decidissem abandonar a F1, o que não é muito difícil frente aos problemas financeiros que as montadoras enfrentam diante da crise mundial. Teríamos um grid em 2010 composto por Ferrari, Williams, Red Bull, Toro Rosso, Force India, Brawn e McLaren pedindo esmolas, três novatas que provavelmente andarão no final do grid e duas virtuais equipes Sauber-Piquet e Briatore-Renault brigando pelas posições intermediárias. Um prato cheio para o domínio da Ferrari.


A solução? O equilíbrio. A Fórmula 1 precisa voltar a desenvolver tecnologia, porém de forma barata. Os motores Fire da Fiat e Zetec da Ford, utilizados nos carros de rua, foram desenvolvidos na Fórmula 1, bem como a suspensão ativa. A total restrição de itens eletrônicos tida como a salvação para a categoria não tem mostrado resultados práticos na pista. A competitividade está igual a dos anos anteriores com dois ou três pilotos disputando o título. Aliando tecnologia com competitividade, as montadoras podem voltar a ver com bons olhos o investimento na categoria e as equipes médias e pequenas poderiam voltar a sonhar com melhores resultados.


A tendência no mercado sugere a diminuição de grandes investimentos numa categoria cara como a Fórmula 1, porém a diminuição excessiva dos valores tende a descaracterizar a essência da categoria. O novo pacto da concórdia assinado recentemente parece caminhar para esse cenário. Vamos torcer para que a Fórmula 1 consiga comemorar seus 60 anos em 2010, com perspectivas melhores para o futuro.

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