sexta-feira, 1 de maio de 2009

Saudade.


Não posso dizer que sempre acordei mais cedo nas manhãs de domingo para ver Ayrton Senna correr, porque acompanho a Fórmula 1 desde 1987 e o primeiro para quem torci foi Nelson Piquet, porém é inegável dizer que a partir de 1988, Senna transformou a Fórmula 1 para os brasileiros. De mera curiosidade, as corridas se transformaram numa verdadeira mania nacional que se mantêm até hoje.

Hoje o herói brasileiro competaria 49 anos e estaria provavelmente aposentado ou ganhando títulos em outras categorias como Indy ou Turismo Alemão. Teria ganhado mais três ou cinco títulos mundiais de Fórmula 1 e disputado campeonatos inesquecíveis com Michael Schumacher e Mika Hakkinen. Teria encerrado sua carreira de supercampeão na McLaren-Mercedes com mais um título. Tudo isso poderia ter acontecido se no dia 1º de maio de 1994, seu carro não tivesse batido no muro da curva Tamburello no circuito de Ímola em San Marino.

Eu lembro que estava na casa da minha mãe e ficamos todos calados esperando ansiosamente notícias sobre o desfecho daquela tragédia e quando ela chegou, ficamos todos desolados. Nessa época eu morava em Guarulhos, num bairro próximo ao Aeroporto de Cumbica e quando estava no ônibus indo trabalhar, vi uma imagem inesquecível.

O sol estava nascendo e o avião que trazia o corpo do piloto, apareceu no horizonte escoltado por jatos da aeronáutica, fazendo a aproximação para pousar. Parecia uma pintura e está gravada na minha memória de uma forma tão nítida que é difícil de explicar.

Eu trabalhava numa empresa na Av. Faria Lima, bem próxima da Av. Rebouças. Quando o cortejo com o corpo de Senna passou na avenida já superlotada, todo o escritório parou, sem exceção, e se dirigiu ás janelas para ver o cortejo passar. Até aqueles malucos que chegam uma hora antes e saem uma hora depois, trabalham de sábado e domingo de madrugada, pararam para se despedir do ídolo. Foi a única vez em quatro anos que aquilo aconteceu.

Hoje só ficou a saudade, porque nunca mais tivemos um piloto à altura de Ayrton Senna, Nelson Piquet e Emerson Fittipaldi. Diversos pilotos passaram pela categoria nestes 15 anos e os únicos destaques ficaram para Rubens Barrichello e Felipe Massa.

Rubinho ganhou nove corridas na Ferrari e sempre ficou na sombra de Schumacher. Hoje tem um carro que pode levá-lo a um eventual título, porém tem que superar primeiro suas próprias limitações.

Felipe Massa começou decepcionante na Ferrari, ganhando alguma corridas, mas sem convencer. Coseguiu transformar-se num bom piloto, teve um carro vencedor o ano passado e perdeu o título mais por incompetência da própria Ferrari do que por culpa dele mesmo. Seu futuro é uma incógnita, pois a Ferrari está passando por um momento delicado, tanto técnica, quanto administrativamente. Este ano suas chances são muito pequenas. Mas ele ainda é jovem e terá tempo para tentar um campeonato.

Nelsinho Piquet mostrou na GP2 que tinha talento, mas não conseguiu repetir a mesma performance na F1, além de ter como companheiro de equipe o melhor piloto da atualidade, Fernando Alonso, que tem todas as atenções da equipe. Sofre a enorme pressão por resultados melhores do chefe Flávio Briatore que sempre elege um Judas para malhar, foi assim com Jenson Button e Jarno Trulli e hoje é Nelsinho. Ele só não sofre mais porque tem o sobrenome Piquet para ajudá-lo.

No horizonte temos Bruno Senna que pode desembarcar ainda este ano na Toro Rosso na vaga de Sebastien Bourdais e Lucas Di Grassi que pode ocupar a vaga de Nelsinho Piquet na Renault, mas dependem da piora ou melhora de performance dos dois.

Aqui no Brasil vemos pouca coisa acontecendo para descobrir e formar novos vencedores. Os esforços como sempre são de fora pra dentro, ou seja, abnegados que investem na carreira dos filhos. A CBA não conseguiu transformar a paixão e dedicação de Senna em resultados na pista. O futuro não é nada bom para os brasileiros. Enquanto isso a Alemanha está até hoje capitalizando os resultados obtidos por Michael Schumacher e já conseguiu trazer outro gênio para as pistas, o jovem Sebastian Vettel, que mais cedo ou mais tarde será campeão

Tenho uma coleção em VHS de todas as corridas que o tri-campeão fez nos anos de 1988, 1990 e 1991 e preciso passar urgentemente para DVD. Só assim mesmo pra ver um piloto brasileiro fazendo corridas fantásticas. Mas o que falta realmente é o lançamento de uma coleção revendo toda a trajetória do fenomenal Senna, que continua acelerando, mesmo depois de 15 anos de sua última corrida.

Imagens: Google.

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